Ainda sobre José Régio, recolhi um testemunho de um vilacondense, nascido e criado nesta bela cidade, que teve o prazer de vivenciar com "um grande poeta" como o próprio Sr. João diz. O Sr. João é uma pessoa conhecida em Vila do Conde devido ao emprego que tinha, trabalhava no Cartório Notarial de Vila do Conde e foi ai que conheceu José Régio.
Corriam os anos
50 e como de costume, quando nas férias que sempre passava em Vila do Conde em
casa de seu pai, José Régio visitava o Cartório Notarial onde eu e o seu amigo
José Graça, também ele colecionador de arte sacra, trabalhávamos.
A dada altura
da conversa entre os dois, e eu a assistir maravilhado por este jeito do grande
poeta, diz José Régio ao amigo Zé Graça, “vou ter de vir a Vila do Conde dentro
de poucos dias a fim de assinar um contrato. Custa-me muito”, dizia José Régio.
Por vezes estando em aulas não gostava de faltar.
O amigo Zé
aconselhou-o a deixar uma procuração a alguém que o representasse. Achou muito
boa a ideia e de imediato começaram a escrever essa procuração ditada pelo
amigo Zé. Quando Zé disse, “concedo poderes a…”, José Régio, muito confuso,
volta-se para o amigo e pergunta-lhe “Zé concedo é com “s” ou com “c”?”. Todos
nós demos um sorriso, admirados com tal pergunta.
José Régio com
toda a naturalidade pergunta “também não posso bloquear? Quantas vezes isso
acontece com os meus alunos e eu logo os entendo e aceito as suas dúvidas. Por
isso aceitem também as minhas.”
Foi um facto
vivido com o José Régio que guardei por toda a minha vida como uma bela
recordação vivida com um grande Homem – Um grande poeta.
João Freitas