terça-feira, 4 de junho de 2013

Camilo Castelo Branco - Vida

A 1877, Camilo vê morrer na Póvoa, aos 19 anos, o seu filho predileto, Manuel Plácido Pinheiro Alves, do segundo casamento, sendo sepultado no cemitério do Largo das Dores.
Camilo era conhecido pelo mau feitio, mas Póvoa mostrou outro lado. Conta António Cabral, nas páginas de “O Primeiro de Janeiro” de 3 de junho de 1890: “No mesmo hotel em que estava Camilo, achava-se um medíocre pintor espanhol, que perdera no jogo da roleta o dinheiro que levava. Havia três semanas que o pintor não pagava a conta do hotel, e a dona, uma tal Ernestina, ex-atriz, pouco satisfeita com o procedimento do hóspede, escolheu um dia a hora do jantar para o despedir, explicando ali, sem nenhum género de reservas, o motivo que a obrigava a proceder assim. Camilo ouviu o mandado de despejo, brutalmente dirigido ao pintor. Quando a inflexível hospedeira acabou de falar, levantou-se, no meio dos outros hóspedes, e disse: - A D. Ernestina é injusta. Eu trouxe do Porto cem mil reis que me mandaram entregar a esse senhor e ainda não o tinha feito por esquecimento. Desempenho-me agora da minha missão. E, puxando por cem mil reis em notas entregou-as ao pintor. O Espanhol, surpreendido com aquela intervenção que estava longe de esperar, não achou uma palavra para responder. Duas lágrimas, porém, lhe deslizaram silenciosas pelas faces, como única demonstração de reconhecimento.”
Camilo Castelo Branco reconstituiu nas suas obras o panorama dos costumes de Portugal daquela época, quase sempre com uma enorme sintonia com as maneiras de ser e sentir do povo português. Em 1889 torna-se uma celebridade nacional como escritor, recebe uma homenagem da Academia de Lisboa.
Atormentado pela doença, os olhos que aos poucos iam perdendo a visão, fez com que Camilo entrasse numa depressão profunda. Ao saber que iria ficar completamente cego, Camilo não aguentou e pôs fim a sua vida, na casa sua casa em Vila Nova de Famalicão.

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